O Ceará ainda tem muito por fazer para concretizar sua participação dos setores têxtil e de confecções no mercado norte americano. Em 2010, repetindo a performance do ano passado, os Estados Unidos sequer figuraram como destino dos produtos têxteis fabricados no Estado. Para as confecções cearenses, os EUA tiveram no mesmo período inexpressiva representatividade entre os países destino. Um dos principais desafios para mudar esse quadro é a adequação às exigências do mercado norte-americano. O alerta é da coordenadora do Programa de Internacionalização das MPEs no Ceará, Marta Campelo, que apresentou ontem os resultados da Prospecção de Mercado realizada nos EUA para os respectivos segmentos no Estado.
Além de mostrar as características específicas do mercado norte-americano, o estudo aborda as oportunidades de negócios para os dois setores e revela os pontos a serem observados pelas empresas locais para exportar de forma sustentável. Dados do Centro Internacional de Negócios (CIN-CE) da Fiec revelam que no primeiro semestre deste ano o setor têxtil faturou US$ 29,2 milhões com as vendas ao exterior, sendo que 42% desse montante resulta de exportações para a Argentina - principal destino dos produtos têxteis cearenses. Apesar de se posicionar no mercado como maior consumidor mundial de têxteis e confecções, os americanos não figuram na pauta de exportações do segmento no Ceará. Enquanto isso, os EUA ocupam a terceira posição entre os países destino das exportações têxteis brasileiras, com US$ 57,5 milhões, no mesmo período.
Em relação às confecções, o Ceará contabilizou de janeiro a junho do corrente ano US$ 189,2 mil em vendas externas para os EUA, que ocupam o sexto lugar no ranking das exportações do setor, abaixo de Argentina, Alemanha, Portugal, Martinica e Itália. Na pauta das exportações brasileiras, o país americano é o principal mercado destino, registrando US$ 65,8 milhões em exportações no período, representando 30,4% do total exportado pelo segmento no Brasil no primeiro semestre deste ano (US$ 200,2 milhões).
Conforme Campelo, a preocupação em ampliar a participação cearense dos setores têxtil e de confecções nos Estados Unidos se deve ao fato de ser uma das maiores e mais influentes economias do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 14,335 trilhões e um mercado interno de mais de 314,7 milhões de pessoas com renda per capta de US$ 44.381.
Porém, em função ainda da crise e do aumento da fatia chinesa nesses mercados, as exportações brasileiras de produtos têxteis e de confecção apresentaram, em janeiro de 2009, queda de 33,5% em termos de valor e 27,23% em volume, se comparado ao mesmo período do ano anterior. Quando excluídas as fibras de algodão, o quadro se agrava, com queda de 45,57%, em termos de valor, e de 48,83%, em volume.
Valor agregado quadruplica
Conforme Marta Campelo, nos últimos 15 anos a indústria cearense quadruplicou o valor agregado de suas exportações. Segundo ela, os têxteis cearenses perdem em preço apenas para o Rio de Janeiro. Em 2008, o produto cearense teve um valor médio de US$ 47,58, por quilo, acima da média nacional, de US$ 34,88. O valor dos cariocas gira em torno de US$ 68 por quilo. "O Ceará é um dos polos têxteis e de confecções mais importantes do País. O setor tem 5.965 empresas formais, sendo 5.238 confecções", observa.
Desafios
Entre os principais desafios do setor, Marta Campelo cita a concorrência chinesa. "A maior participação dos asiáticos nas importações americanas está diretamente ligada aos preços. Como o custo da mão-de-obra e carga tributária é menor nesses países, eles conseguem oferecer preço inferior ao cobrado pelas empresas cearenses e brasileiras, de modo geral".
Internacionalização
O Programa de Internacionalização das Micro e Pequenas Empresas tem, como objetivo, preparar as empresas para competir no Brasil e no mundo.
O programa é desenvolvido pelo Sebrae e parceiros e tem como meta capacitar 70 empresas cearenses no biênio 2009 e 2010, para atuar no mercado internacional.
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE